A Agroindústria Canavieira em São Paulo (1990-2010): Da Desregulamentação Governamental à Retomada do Proálcool sobre Novas Bases

 

Bruno Giovani Chequin (PPGHE/USP)1


 

1-Introdução

Este trabalho procura identificar, do ponto de vista histórico, as principais mudanças ocorridas na dinâmica do setor agroindustrial canavieiro paulista, entre 1990 e 2010, período fortemente relacionado à retirada da intervenção governamental do setor, pelo menos nos moldes prevalecentes até meados dos anos 1980, promovendo a liberação dos preços dos principais produtos setoriais (cana, álcool e açúcar), levando em conta que a partir da primeira metade dos 2000 a produção alcooleira ganha um novo impulso com a retomada do Proálcool.

Considerando que o Programa Nacional do Álcool, implementado a partir de 1975 pelo governo brasileiro, condicionou em grande medida a expansão do setor agroindustrial canavieiro nacional. Para uma melhor exposição dos fatos, analisa-se a evolução deste setor em São Paulo a partir de uma perspectiva cronológica do Proálcool elaborado por Veiga Filho e Ramos (2006)2. Conforme esses autores o mencionado programa pode ser caracterizado em quatro fases distintas: A primeira de 1975 a 1979; a segunda de 1980 a 1990; a terceira de 1991 a 1999; e a última após 2000. Contudo, por uma razão de delimitação temporal do objeto deste trabalho, busca-se destacar apenas os dois últimos subperíodos, 1990-1999 e 2000-2010.

Portanto num primeiro momento aborda-se o desenvolvimento do setor agroindustrial canavieiro paulista inserido que se inicia em 1990 marcado pela paulatina retirada da intervenção governamental no setor, com o fim do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), e se encerra com a crise de superprodução de etanol na safra 1999/2000.

A fase seguinte compreende o intervalo entre 2000 e 2010, período em que o setor nacional foi beneficiado pela renovação do Proálcool, desta vez em novas bases, com maior articulação e participação de mais segmentos econômicos, sociais e políticos, além de ter sido favorecido pelos preços do açúcar no mercado internacional.

Finalmente nas considerações finais procura-se verificar em que aspectos as diversas conjunturas aqui abordadas condicionaram a dinâmica do setor agroindustrial canavieiro no estado de São Paulo, promovendo mudanças ou mantendo as características estruturais desse setor.


 

2 – Desregulamentação governamental e novo paradigma para o setor, 1990 - 1999

Primeiramente, importa assinalar que o fenômeno mais marcante na década de 1990 para o setor foi a retirada paulatina da intervenção estatal na agroindústria canavieira do Brasil, simbolicamente marcada pela extinção do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) pelo presidente Fernando Collor de Mello, através do Decreto nº 99.240 de 7 maio 19903. Esses acontecimentos configuraram uma nova situação para o setor, contribuindo para acentuar a desaceleração e a crise do Programa Nacional do Álcool Proálcool.

Importa assinalar que a desregulamentação setorial em questão fazia parte de um processo mais amplo que foi o “distanciamento” do Estado da economia. Em 1990 com a posse do presidente Collor de Mello, a implantação das políticas neoliberais avançou na esteira do contexto político e econômico internacional. Sob a ótica neoliberal, o Estado deveria ser reduzido e sua função modificada, deixando de conduzir os investimentos produtivos e passando a garantir um ambiente macroeconômico com estabilidade monetária (priorizando o combate da inflação), além de estabelecer regras jurídicas claras para que o Estado atuasse apenas com regulador (BACCARIN, 2005)4.

É de se considerar que, de acordo com Shikida (1998)5, com a retirada gradual da participação dos investimentos públicos do Programa Nacional do Álcool e da consequente diminuição dos subsídios estatais dispensados ao setor, o que se colocava em xeque era justamente a continuidade do paradigma subvencionista6 como modelo preponderante de sobrevivência para muitos produtores da agroindústria canavieira no país.

Com o fim do IAA, segundo Vian (2003)7, verificou-se uma indefinição a respeito do órgão responsável pela regulamentação do setor. Fato que levou a tentativa pelos empresários dessa agroindústria a buscarem um consenso para autorregulação do setor. A consolidação dessas tentativas se deu em 1997 com a criação, em São Paulo, da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica). A verdade é que essa nova entidade conseguiu por alguns meses agrupar uma representatividade quase unânime do setor paulista. Entretanto, as divergências voltaram à tona em 1998, com a questão do adiamento para a liberação dos preços do álcool hidratado.

Sobre a questão do álcool, é preciso ter em conta que, nos anos 1990, os baixos preços do petróleo reduziram ainda mais a capacidade competitiva do álcool hidratado frente à gasolina. Além disso, na primeira metade dessa década, os preços do açúcar no mercado internacional se mantiveram num patamar relativamente elevado. Assim, parte dos empresários do setor não se interessavam pelo álcool combustível, priorizando a produção de açúcar. A defesa da sustentação das políticas públicas para a produção alcooleira só voltou no final da década de 1990 (especificamente em 1999), com uma mobilização ampla dos empresários, principalmente dos paulistas, inclusive envolvendo governos estaduais e municipais coincidindo com preços desfavoráveis para o açúcar (BACCARIN, 2005)8.

A forte reação dos produtores paulistas em conjunto ao governo federal encontra uma explicação na importância que a cana de açúcar representa na produção agropecuária do estado de São Paulo. Considerando que tal gênero agrícola era e continua sendo isoladamente o produto com maior participação no valor total da produção agropecuária do estado (TSUNECHIRO et al, 2001)9.

Conforme mencionado, neste período, a debilidade estrutural das empresas ficou mais evidente e, portanto, acentuaram-se os processos de fechamento ou compra de unidades produtivas; de intensificação de fusões (operação societária que envolve o agrupamento duas ou mais empresas) e aquisições (o patrimônio de uma empresa passa a ser controlado parcialmente ou totalmente por outra); e de deslocamento de capitais do setor de uma região para outra. Ramos e Szmrecsányi (2002)10 observam que o setor passou novamente por uma fase de concentração produtiva e de centralização de capital, evidenciadas pelas fusões e aquisições que ocorreram em todo o território nacional.

Entre as estratégias adotadas, é preciso destacar que grupos empresariais voltados exclusivamente para produção de álcool (destilarias autônomas), mediante a liberação das cotas de produção de açúcar passaram a diversificar sua produção transformando suas destilarias autônomas em usinas (BACCARIN, 2005)11.

O resultado foi que as usinas procuraram direcionar sua produção a partir da atratividade dos preços de cada produto (açúcar e álcool). Essa orientação explica em grande medida porque deixou de ser confiável a aquisição de um veículo movido a álcool no Brasil, tendo em vista que “as vendas de carro a álcool reduziram-se apesar dos preços baixos, evidenciando a desconfiança do consumidor quanto ao fornecimento do combustível no futuro” (VIAN, 2003)12. Esse autor ainda relata que no momento da safra 1997/98, com a perspectiva de liberação dos preços aliada aos elevados estoques tanto de açúcar como de álcool, houve uma queda vertiginosa dos preços do álcool hidratado da ordem de 43,9% com relação à safra anterior. Desse modo, em 1999, a crise do Proálcool chegava a seu ápice com a previsão de retirada em definitivo dos últimos subsídios ao setor.

É relevante o fato de que houve no período uma ampliação da diferença entre as regiões produtoras do Centro-Sul e do Norte-Nordeste. A Tabela 1 nos apresenta a evolução dos principais bens produzidos (cana, açúcar e álcool) por esta agroindústria ao longo da década de 1990. Os números revelam que o total de cana moída em São Paulo na safra 1990/91 correspondeu a 47,3% do processamento nacional, esse percentual subiu para 63,5% na safra 1999/00, evidenciando um aumento na concentração da produção do setor nacional no estado de São Paulo. Paralelamente, a produção nordestina reduziu de 36,0% para 14,0%. Essa perda de participação do setor nordestino aponta para uma reestruturação produtiva da agroindústria canavieira concentrada na região Centro-Sul, com destaque para o estado de São Paulo, que na safra 1999/00 concentrou 65,4% da produção nacional de açúcar e 65,0% de álcool.

Sobre a produção de açúcar, os dados da Tabela 1 demonstram que houve um crescimento considerável da produção paulista (277,1%). Isso pode ser explicado, pelo menos em parte, pela atratividade dos preços alcançados pelo açúcar em dólar e pelo aumento excepcional de 1.206,7% das exportações brasileiras do produto (na comparação entre os anos de 1990 e 1999), conforme demonstram os números da Tabela 2. Com efeito, entre 1990 e 1997, apesar de algumas oscilações do período, os preços do açúcar exportado se mantiveram numa média acima de US$ 285,00 por tonelada, somente a partir de 1998 é que os seus preços médios passaram a registrar níveis mais baixos, mantendo essa tendência até a metade dos anos 2000. Em Vian e Belik (2003)13 pode-se encontrar uma descrição mais detalhada a respeito da expansão da oferta nacional de açúcar para exportação, na década de 1990, assim como das oscilações do seu valor no mercado internacional. Cabe ainda chamar a atenção para o fato de que o aumento da produção de açúcar em São Paulo ter sido superior ao nacional, indicando que este estado se beneficiou amplamente pela expansão das exportações do açúcar brasileiro (Tabela 2).

Já com relação a produção alcooleira, a Tabela 1 (referente à 1990/91 e 1999/00) revela um crescimento modesto da produção total de álcool tanto na esfera nacional (13,6%) como em São Paulo (9,7%). Contudo, os dados da Tabela 3 permitem observar um movimento distinto entre a produção do álcool hidratado (concorrente da gasolina) e a produção do anidro (misturado com a gasolina). Os números dessa Tabela demonstram que no intervalo (1990/91 e 1999/00) a produção do hidratado recuou 32,2% na esfera nacional, 31,1% em São Paulo e 26,9% para a região Centro-Sul. Ao mesmo tempo, constatou-se um crescimento acima de 300,0% da produção de anidro nas três áreas, não obstante, em nenhuma safra do intervalo foi observado um volume para o anidro produzido no país superior ao hidratado. Tais resultados evidenciam o processo de desaceleração e crise pelo qual o Proálcool sofreu ao longo da década de 1990, aqui evidenciado pela diminuição da produção do álcool hidratado. Ao mesmo tempo em que a conjuntura (preço mundial do petróleo num patamar baixo e valorização dos preços do açúcar para exportação) condicionou a expansão da agroindústria canavieira nacional assentada no aumento consistente da produção de açúcar, marcando um ponto de inflexão no elemento dinâmico da expansão setorial do período, que na fase anterior havia sido notoriamente impulsionada pela produção alcooleira.


 

Tabela 1 - Quantidade de cana moída, produção de açúcar e álcool total (hidratado e anidro) no estado de São Paulo, no Centro-Sul e no Brasil (safra 1990/91 – 2002/03)

Safra

São Paulo

Centro-Sul

Brasil

Cana

(mil t)

Açúcar

(mil t)

Álcool

(mil m³)

Cana

(mil t)

Açúcar

(mil t)

Álcool

(mil m³)

Cana

(mil t)

Açúcar

(mil t)

Álcool

(mil m³)

1990/91

105.242

3.471

7.767

142.614

4.509

9.708

222.429

7.365

11.515

1991/92

108.456

4.510

8.579

146.970

5.761

10.926

229.222

8.530

12.722

1992/93

105.730

4.938

7.926

143.275

6.118

10.058

223.460

9.264

11.729

1993/94

97.722

5.833

8.290

132.424

7.304

10.381

206.535

9.162

11.292

1994/95

113.966

6.646

8.706

154.436

8.455

11.147

240.868

11.700

12.766

1995/96

154.34014

7.248

8.169

205.329

9.323

10.950

249.877

12.651

12.717

1996/97

170.600

7.897

8.975

232.284

10.421

12.113

289.520

13.632

14.430

1997/98

180.412

8.665

9.495

248.315

11.314

13.259

302.198

14.847

15.422

1998/99

198.885

11.749

9.052

268.911

15.097

12.267

315.641

17.961

13.927

1999/00

197.006

13.088

8.527

267.004

16.893

11.698

310.123

19.380

13.078

2000/01

146.970

9.542

6.379

205.203

12.466

8.990

254.922

16.020

10.517

2001/02

176.012

12.145

7.078

243.505

15.748

10.108

292.329

18.994

11.468

2002/03

190.505

14.246

7.706

265.878

18.592

11.014

316.122

22.381

12.485

Fonte: Elaborado a partir de Balanço Nacional da Cana de Açúcar e Agroenergia, - MAPA (2007)15


 

Tabela 2 - Evolução das exportações brasileiras de açúcar (1990 a 2006)

Ano

Quantidade (mil t)

Preço médio (US$/t)

1990

926

351,68

1991

978

261,95

1992

1.344

245,42

1993

2.148

256,07

1994

2.743

287,23

1995

4.800

302,21

1996

5.378

299,14

1997

6.376

278,00

1998

8.371

232,15

1999

12.100

157,91

2000

6.502

184,41

2001

11.173

203,98

2002

13.354

156,78

2003

12.914

165,71

2004

15.764

167,49

2005

18.147

215,95

2006

18.870

326,76

Fonte: Elaborado a partir de Balanço Nacional da Cana de Açúcar e Agroenergia - MAPA (2007)16.


 

Tabela 3 - Evolução das quantidades do álcool hidratado e do anidro produzidos no estado de São Paulo, no Centro-Sul e no Brasil (safra 1990/91 – 1999/00)

Safra

Produção de álcool (m³)

São Paulo

Centro-Sul

Brasil

Anidro

Hidratado

Anidro

Hidratado

Anidro

Hidratado

1990/91

941.004

6.825.940

1.087.549

8.620.301

1.286.568

10.228.583

1991/92

1.526.064

7.052.851

1.801.670

9.124.872

1.986.794

10.735.439

1992/93

1.713.774

6.212.089

1.937.714

8.120.020

2.216.385

9.513.106

1993/94

2.156.803

6.132.892

2.378.809

8.002.625

2.522.589

8.769.596

1994/95

2.310.771

6.395.322

2.575.349

8.571.510

2.873.470

9.892.440

1995/96

2.293.870

5.874.909

2.637.005

8.313.146

3.057.557

9.659.202

1996/97

3.171.427

5.803.290

3.834.799

8.278.683

4.629.340

9.801.109

1997/98

3.579.877

5.915.383

4.779.150

8.479.453

5.699.719

9.722.534

1998/99

3.378.527

5.673.137

4.817.030

7.450.138

5.679.998

8.246.823

1999/00

3.826.559

4.700.732

5.399.014

6.299.442

6.140.769

6.936.996

Fonte: Elaborado a partir de Balanço Nacional da Cana de Açúcar e Agroenergia - MAPA (2007)17


 

No que diz respeito concentração agrícola pelas unidades industriais, a Tabela 4 evidencia que houve um reforço da integração vertical das usinas e destilarias paulistas, cujo percentual de canas próprias aumentou de 61,8% (safra 1990/91) para 64,8% (safra 1999/00). Não obstante, na safra 1999/00, a participação de cana própria em São Paulo apresentou-se ligeiramente menor em relação ao setor nacional (68,1%) e ao Centro-Sul (68,5%), tal percentual aponta para o aumento da concentração fundiária nas mãos dos proprietários de usinas e destilarias.

Tabela 4 - Participação da cana própria e de fornecedores no total de cana moída pelas unidades produtoras (açúcar e álcool), no estado de São Paulo, no Centro-Sul e no Brasil, (safra 1990/91 – 1999/00)

Safra

Cana moída (mil t)

São Paulo

Centro-Sul

Brasil

Própria

Fornecedores

Própria

Fornecedores

Própria

Fornecedores

1990/91

65.069

40.173

88.248

54.367

133.457

88.972

1991/92

67.0567

41.400

90.943

56.027

137.533

91.689

1992/93

65.371

40.359

88.656

54.619

134.076

89.384

1993/94

60.420

37.302

81.942

50.482

123.921

82.614

1994/95

70.463

43.503

95.563

58.873

144.521

96.347

1995/96

77.170

77.17018

115.433

89.896

144.698

105.179

1996/97

112.937

57.662

161.359

70.925

200.140

89.380

1997/98

117.268

63.144

171.758

76.557

206.718

95.481

1998/99

129.275

69.610

185.649

83.262

215.445

100.196

1999/00

127.689

69.317

182.940

84.064

211.352

98.770

Fonte: Elaborado a partir de Balanço Nacional da Cana de Açúcar e Agroenergia – MAPA ( 2007)19

Já com relação ao processo de diversificação produtiva, a Tabela 5 nos revela que em 1987/88 apenas 44,7% das empresas do setor em São Paulo produziam simultaneamente açúcar e álcool. Esse percentual sobe para 76,5% em 2002/03, confirmando o aumento da diversificação da produção (integração horizontal) como estratégia adotada pelas empresas do setor nos anos 1990.

Tabela 5 - Quantidades de destilarias autônomas, usinas com destilarias anexas e usinas de açúcar em operação no estado de São Paulo (safras 1987/88, 1995/96 e 2002/03)

Safra

Número de unidades produtivas

Destilarias autônomas

Usinas c/ destilarias anexas

Usinas de açúcar

Total

1987/88

77

67

6

150

1995/96

48

78

5

131

2002/03

26

91

2

119

Fonte: Elaborado a partir de Veiga Filho e Ramos (2006)20.


 

Ademais, não se percebeu modificações significativas numa das principais características estrutural desse setor, a integração vertical da produção (a contra face da concentração fundiária das usinas). Fato que pode ser compreendido tendo em vista os interesses dos agentes sociais que mais ampliaram seu poder econômico ao longo do período, contribuindo para certa inércia de algumas características da estrutura produtiva setorial.


 

3 – Fase da retomada do Proálcool sobre novas bases, de 2000 a 2010

O setor agroindustrial canavieiro paulista chegou ao século XXI com um horizonte nada promissor pela frente. Não obstante, a partir de 2001 e ainda mais após 2003, uma série de medidas governamentais, como a criação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE)21 e a Lei do Álcool22 entre outras. Tudo isso associado a um novo ambiente econômico mundial que criaram condições para a recuperação do dinamismo desse setor (BACCARIN, 2005)23.

Nesse sentido é relevante a abordagem de Tetti (2002)24 que estabelece uma relação entre o Protocolo de Kyoto com o setor agroindustrial canavieiro nacional. Essa autora descreve a proposta aprovada no Japão em 1997 para o início do processo de estabilização das emissões desses gases, impactou diretamente a demanda mundial por álcool combustível, na medida em que esse último é considerado uma alternativa energética mais limpa que os derivados de combustíveis fósseis.

Como resultado, as vendas externas do álcool brasileiro cresceram 1.454,46% entre 2000 e 2007. Concomitantemente, ocorreu uma forte escalada nos preços do petróleo, registrando uma alta de 150,7% no mesmo período (CONAB, 2008)25.

No âmbito nacional, o aquecimento do mercado do álcool combustível ganhou força com o lançamento, em 2003, dos veículos flex-fuel (automóveis que poderiam ser abastecidos com álcool e/ou gasolina). De acordo com a Conab (2008) 26, o surgimento desses automóveis foi o resultado do esforço do governo e do setor produtivo em encontrar alternativas para além das eventuais políticas de recuperação do prestígio dos veículos movidos a álcool.

De acordo com dados da Anfavea (2014)27 a crescente participação dos veículos bicombustíveis, entre 2003 e 2010, contribui para o aumento do consumo nacional de álcool combustível que atingiu o volume de 23,2 bilhões de litros em 2010 (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA AGROENERGIA, 2012)28.

Tanto o crescimento do consumo interno quanto o aumento das exportações do álcool, promoveram novo impulso a sua produção não apenas em São Paulo, mas em todas as regiões produtoras. Entres as safras 2000/01 e 2010/11, a Tabela 6 evidencia o crescimento da produção total de álcool (anidro e hidratado) em São Paulo (141,8%), no Centro-Sul (184,4%) e no Brasil (162,1%). Apesar do crescimento menor, o estado de São Paulo respondeu por 56,0% da produção de álcool total brasileira na safra 2010/11. Importa assinalar que aumento mais expressivo foi do álcool hidratado (concorrente da gasolina) (Tabela 7).

Tabela 6 - Quantidade de cana moída, produção de açúcar e álcool total (hidratado e anidro) no estado de São Paulo, no Centro-Sul e no Brasil (safra 2000/01 – 2010/11)

Safra

São Paulo

Centro-Sul

Brasil

Cana

(mil t)

Açúcar

(mil t)

Álcool

(mil m³)

Cana

(mil t)

Açúcar

(mil t)

Álcool

(mil m³)

Cana

(mil t)

Açúcar

(mil t)

Álcool

(mil m³)

2000/01 (1)

146.970

9.542

6.379

205.203

12.466

8.990

254.922

16.020

10.517

2001/02 (1)

176.012

12.145

7.078

243.505

15.748

10.108

292.329

18.994

11.468

2002/03 (1)

190.505

14.246

7.706

265.878

18.592

11.014

316.122

22.381

12.485

2003/04 (1)

206.514

15.215

8.751

297.121

20.452

12.916

357.111

24.944

14.640

2004/05 (1)

225.188

16.382

8.958

324.054

22.096

13.382

381.447

26.632

15.208

2005/06 (1)

241.223

17.189

10.002

334.137

22.406

14.299

382.482

26.214

15.808

2006/07 (1)

265.379

20.265

11.060

373.913

26.543

16.161

427.520

30.630

17.910

2007/08 (2)

297.136

19.429

13.351

431.233

26.472

20.253

495.843

31.298

22.446

2008/09 (2)

352.278

20.195

16.904

508.639

27.207

25.270

572.738

31.507

27.681

2009/10 (2)

362.645

20.815

14.919

541.200

28.639

23.674

601.431

32.950

25.679

2010/11(2)

361.170

23.507

15.422

560.484

33.564

25.569

623.948

38.069

27.561

Fonte: (1) Elaborado a partir de Balanço Nacional da Cana de Açúcar e Agroenergia, MAPA (2007)29

(2) Elaborado a partir do Anuário Estatístico da Agroenergia, MAPA, (2015)30


 

Tabela 7 - Evolução das quantidades do álcool hidratado e do anidro produzidos no estado de São Paulo, no Centro-Sul e no Brasil (2000/01– 2010/11)

Safra

Produção de álcool (m³)

São Paulo

Centro-Sul

Brasil

Anidro

Hidratado

Anidro

Hidratado

Anidro

Hidratado

2000/01 (1)

3.528.710

2.849.911

4.766.597

4.223.720

5.584.730

4.932.805

2001/02 (1)

4.278.472

2.799.276

5.759.975

4.347.856

6.479.187

4.988.608

2002/03 (1)

4.651.283

3.054.998

6.263.405

4.750.880

7.009.063

5.476.363

2003/04 (1)

5.831.535

2.919.388

7.921.312

4.995.195

8.767.898

5.872.025

2004/05 (1)

5.198.584

3.758.981

7.194.513

6.187.610

8.172.488

7.035.421

2005/06 (1)

5.073.929

4.928.012

6.871.921

7.426.924

7.663.245

8.144.939

2006/07 (1)

5.060.237

5.999.876

7.113.749

9.047.176

8.081.661

9.828.161

2007/08 (2)

5.181.151

8.170.154

7.413.769

12.838.852

8.464.520

13.981.459

2008/09 (2)

6.255.962

10.648.077

8.541.557

16.728.683

9.630.481

18.050.758

2009/10 (2)

4.113.387

10.805.244

6.056.996

17.617.325

6.915.928

18.763.557

2010/11(2)

4.857.709

10.564.524

7.117.468

18.451.666

8.027.283

19.533.465

Fonte: (1) Elaborado a partir de Balanço Nacional da Cana de Açúcar e Agroenergia, MAPA (2007)31

(2) Elaborado a partir do Anuário Estatístico da Agroenergia, MAPA ( 2015)32


 

No que tange ao mercado de açúcar, os preços internacionais do produto superaram os US$300,00/t em 2006 (Tabela 2), estimulando o crescimento das exportações brasileiras que atingiram um número excepcional de 28 milhões de tonelada em 2010. Com efeito, no período entre 2000/01 e 2010/11 (Tabela 6), o estado de São Paulo registrou um aumento da produção açucareira em torno de 146,4%, simultaneamente o Centro-Sul apresentou o maior crescimento (169,2%) e o país como um todo elevou sua produção em 137,6%. Tal fato revela que o aumento da produção de açúcar em São Paulo foi maior que do Brasil, porém menor que dos outros estados da região Centro-Sul, sugerindo que esses últimos foram os que mais se beneficiaram da expansão. Entretanto, na safra 2010/11, a produção paulista de açúcar correspondeu a 61,7% da produção em âmbito nacional.

Para sustentar a expansão setorial, descrita acima, houve crescimento da produção canavieira nacional. A Tabela 6 demonstra que na safra 2010/11 o estado de São Paulo processou 145,7% de cana a mais do que em 2000/01. No mesmo intervalo o Centro-Sul registrou um crescimento de 173,1%, enquanto o Brasil aumentou em 144,8%. Embora o crescimento da produção canavieira tenha sido maior no Centro-Sul do que no estado de São Paulo, é relevante o fato de que o setor paulista respondeu sozinho por 57,9% do processamento nacional de cana de açúcar na safra de 2010/11.

Com efeito, a produção canavieira em São Paulo, no decorrer da década de 2000, se destacava como sendo o principal produto da agropecuária estadual. Em 2010, a participação da cana de açúcar no valor total da produção florestal e agropecuária do estado chegou a representar 43,6% desse total e no ano seguinte atingiu os 44,3% (TSUNECHIRO et al, 2012)33.

Contudo, é preciso considerar que o crescimento vertiginoso da produção nacional de cana observado no decorrer da década de 2000 contou com a contribuição do avanço da mecanização da colheita. Contudo, quando se elimina a queima torna-se necessário mecanizar a colheita (NEVES e CONEJERO, 2010)34, 35.

Os autores relatam que em 2007 o setor de São Paulo sinalizou que seria o primeiro a eliminar a queima no país. Pois, grande parte das usinas paulistas e seus fornecedores aderiram ao Protocolo Ambiental36 proposto pela Unica37 e pelo governo do estado de São Paulo (UNICA, 2018). A mecanização da colheita de cana em São Paulo atingiu já na safra de 2008/09 uma participação de 49,1% do total da área colhida. Entretanto, o impacto social gerado pela eliminação de muitos postos de trabalhos dos cortadores de cana (MORAES, 2017)38, 39.

Entre os novos marcos regulatórios, destaca-se o zoneamento agroambiental40 estabelecido em 2008 para regulamentar a agroindústria canavieira no estado de São Paulo. Na sequência, em 2009, foi definido o zoneamento agroambiental da cana de açúcar para o Brasil para disciplinar e organizar a expansão e ocupação do solo pela atividade canavieira a fim de balizar as políticas públicas com responsabilidade socioambiental (OLIVETTE et al, 2011)41.

Com base no exposto, o setor agroindustrial canavieiro no Brasil apresentou uma expansão significativa entre 2000/01 e 2010/11. O estado de São Paulo registrou aumento expressivo de sua produção setorial, favorecido por um conjunto de fatores42, fundamentalmente em novas regiões43. Assim na safra 2010/11 a agroindústria canavieira paulista concentrava quase 60,0% do processamento da produção canavieira nacional.


 

Tabela 8 - Participação da cana própria e de fornecedores no total de cana moída pelas unidades produtoras (açúcar e álcool), no estado de São Paulo, no Centro-Sul e no Brasil, (safra 1990/91 – 2010/11)


 

Safra

Cana moída (mil t)

São Paulo

Centro-Sul

Brasil

Própria

Fornecedores

Própria

Fornecedores

Própria

Fornecedores

2000/01 (1)

96.590

50.379

141.851

63.352

173.561

81.362

2001/02 (1)

108.211

67.801

160.770

82.735

191.937

100.392

2002/03 (1)

113.416

77.089

168.719

97.159

200.894

115.227

2003/04 (1)

129.255

77.258

193.371

103.750

228.429

128.682

2004/05 (1)

127.273

97.915

198.198

125.856

230.725

150.722

2005/06 (1)

138.548

102.674

202.619

131.518

232.462

150.020

2006/07 (1)

152.039

113.340

226.082

147.831

259.737

167.783

2007/08 (2)

157.273

139.863

244.234

187.000

284.568

211.275

2008/09 (2)

179.386

172.891

277.856

230.782

317.180

255.558

2009/10 (2)

191.655

170.990

304.682

236.518

342.577

258.854

2010/11 (2)

197.882

163.287

332.140

228.344

372.911

251.036

Fonte: (1) Elaborado a partir de Balanço Nacional da Cana de Açúcar e Agroenergia, MAPA (2007)44.

(2) Elaborado a partir do Anuário Estatístico da Agroenergia, MAPA (2015)45.


 

No que diz respeito à integração das atividades agrícolas e industrial (integração vertical), a Tabela 8 demonstra que a participação da cana própria moída no estado de São Paulo caiu entre as safras 2000/01 (65,7%) e 2008/09 (50,9%) para então voltar a crescer e alcançar um percentual de 54,8% em 2010/11.

Pode-se aventar que o aumento expressivo da produção setorial viabilizado pela expansão da estrutura produtiva parece ter contribuído para diminuição do nível de integração vertical entre a safra 2000/01 e 2010/11. Embora esse nível tenha atingido seu piso em 2008/09 não ficou abaixo de 50,0% e voltou a subir nas safras seguintes.

Segundo os dados da Conab (2013)46, na safra 2010/11, o estado de São Paulo registrou um total de 177 unidades processadoras de cana, um aumento de 48,7% comparado a safra 2002/03 (Tabela 5). Nesse mesmo intervalo, o processamento da cana foi 89,6% superior, enquanto que a produção de açúcar cresceu 65,0% e do álcool chegou a dobrar (Tabela 6). Um resultado que, grosso modo, aponta para um aumento da concentração industrial no setor paulista entre as safras 2002/03 e 2010/11.

Corrobora com essa afirmação a intensificação do processo de fusões e aquisições (F&A) para garantir a expansão do setor na década de 2000. Para efeito de comparação, de acordo com Baccarin, Gebara e Factore (2009)47, entre 1996 e 1999 foi registrado apenas sete F&A de empresas do setor em toda a região Centro Sul, menos que duas por ano. Por outro lado, entre 2000 e 2007, o número de F&A saltou para 80, com uma média anual de 10.

Com relação à presença do capital estrangeiro no setor agroindustrial canavieiro do Brasil, segundo Guedes e Gianotti (2009)48, entre 1999 e 2007 registrou uma média anual de U$899 milhões de capital estrangeiro no setor nacional. O estado de São Paulo recebeu o maior volume de investimentos. A entrada se deu por meio de aquisições e associações com as empresas nacionais, minimizando os riscos de aprendizagem e mercado, reproduzindo, portanto, a lógica de produção do setor nacional. Nesse sentido, a presença de investimento estrangeiro direto (IED) não contribuiu para que houvesse modificações significativas na estrutura produtiva do setor durante sua expansão nos anos 2000.

As mudanças na estrutura das agroindústrias entre 2000/01 e 2010/11 aqui abordadas foram fundamentais para que se realizasse a expansão produtiva setorial na magnitude observada. Entretanto, mesmo com algumas modificações na configuração ocorridas nos grupos empresariais do setor, não existe evidencias de que as agroindústrias paulistas deixaram de controlar diretamente a maior parte da produção de cana-de-açúcar. Essa constatação fica ainda mais evidente quando se tem em conta a concentração agrícola das unidades agroindustriais subjacentes ao processamento de matérias-primas. Tal resultado é favorável às evidências históricas da concentração econômica e social da relação lavoura-processamento de cana no Brasil.


 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho analisou os a evolução da agroindústria canavieira no estado de São Paulo, de 1990 a 2010, também se preocupou em mensurar a dimensão de sua expansão no contexto nacional e regional, além de identificar as transformações e/ou manutenção de suas características estruturais.

Num primeiro momento, abordou-se a fase, iniciada em 1990, cujo encerramento se dá com a crise de superprodução de álcool em 1999. Nela verificou-se a paulatina desregulamentação governamental do setor com a retirada gradual da intervenção do Estado na produção e nos mercados dos produtos setoriais. Como resultado, na década de 1990, o novo ambiente institucional provocou o surgimento de uma nova dinâmica setorial, com a ruptura do paradigma subvencionista e a adoção do paradigma tecnológico pelos grupos empresariais dessa agroindústria como modelo preponderante de sobrevivência num ambiente de “livre mercado”.

Se, por um lado, o novo ambiente institucional surgido na década de 1990 provocou importantes modificações no setor paulista, por outro, não se percebeu transformações relevantes na histórica característica estrutural desse setor, qual seja, a integração vertical da produção.

Já última fase, após 2000, foi balizada pelo fim do processo intervencionista no setor nacional para uma outra ordem em estruturação na economia brasileira com novas formas de acesso ao poder estatal e ao mercado. Nessa fase, observou-se um aumento expressivo da produção desse setor paulista demandando ajustes por mudanças organizacionais e produtivas decorrentes da renovação dos estímulos governamentais a produção alcooleira, lançamento dos veículos flex fuel e surgimento do interesse internacional na produção brasileira de álcool associado ao aumento da participação do Brasil no mercado externo de açúcar.

Com base nas informações levantadas neste trabalho foi possível notar que a atividade agroindustrial canavieira nacional se apresenta concentrada no estado de São Paulo, caracterizada pelo absoluto predomínio da moagem de cana procedente das propriedades fundiárias dos usineiros e donos de destilarias, embora com oscilações na sua intensidade. Assim, percebe-se que ao longo de todo o período (de 1990 a 2010) não houve mudança significativa na histórica predominância da produção integrada da lavoura com a atividade industrial.

Por fim, uma leitura possível a respeito das condições que contribuíram para a concentração fundiária do setor agroindustrial canavieiro paulista aqui assinalada é o fato de que tal dinâmica está inserida num movimento muito maior que se refere à própria evolução histórica do capitalismo excludente brasileiro e de seus desdobramentos, tema para um exercício reflexivo em trabalhos futuros.

1 Mestre em História Econômica pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade de São Paulo com financiamento da CAPES sob a orientação do Prof. Dr. Guilherme Grandi.

2 Artigo: Alceu de Arruda Veiga Filho e Pedro Ramos, Proálcool e evidências de concentração na produção e processamento de cana-de-açúcar, em Informações Econômicas, São Paulo, v.36, n.7, jul. 2006. p. 48-61. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br&gt;. Acesso em: 15 mar. 2018.

3 Através desse Decreto extinguiu-se não apenas o IAA, mas também outras autarquias como o Instituto Brasileiro do Café (IBC), além de diversas fundações públicas. O texto do Decreto pode ser consultado na integra através do site da Câmara dos Deputados: http://www.camara.gov.br/sileg/integras/130456.pdf.

4 Tese de Doutorado: José Giacomo Baccarin. A Desregulamentação e o Desempenho do Complexo Sucroalcooleiro no Brasil, São Carlos, UFSCAR, 2005, p.146-147.

5 Livro: Pery Francisco Assis Shikida, A evolução diferenciada da agroindústria canavieira no Brasil de 1975 a 1995, Cascavel – PR, Edunioeste, 1998, p 79-80.

6 A explicação encontrada em Shikida (1998) é que com o fim dos subsídios governamentais voltados ao setor houve uma ruptura com a prevalência do paradigma subvencionista, fato que condicionou, em grande medida, muitos produtores da agroindústria canavieira a adotarem uma nova estratégia de sobrevivência assentada no paradigma tecnológico. Entretanto, algumas empresas dessa agroindústria já demarcavam uma dinâmica diferenciada do desenvolvimento setorial que se deu por meio da adoção de um maior progresso técnico, assumindo um outro paradigma, o paradigma tecnológico.

7 Livro: Carlos Eduardo de Freita Vian, Agroindústria canavieira: estratégias competitivas e modernização, Campinas, Editora Átomo, 2003, p.101.

8 Tese de Doutorado: José Giacomo Baccarin. A Desregulamentação e o Desempenho do Complexo Sucroalcooleiro no Brasil, São Carlos, UFSCAR, 2005, p.181-182.

9 Artigo: Alfredo Tsunechiro et al, Valor da Produção Agropecuária do Estado de São Paulo, por Escritório de Desenvolvimento Rural e Região Administrativa, 1995-2000, em Informações Econômicas, São Paulo, v.31, n.7, jul. 2001, p. 26.

10 Artigo: Pedro Ramos e Tamás Szmrecsányi, A evolução histórica dos grupos empresariais da agroindústria canavieira paulista, em Revista História Econômica e História de Empresas, São Paulo, v.5, n. 1, 202, p. 105 e 106.

11 Tese de Doutorado: José Giacomo Baccarin. A Desregulamentação e o Desempenho do Complexo Sucroalcooleiro no Brasil, São Carlos, UFSCAR, 2005, p. 254.

12 Livro: Carlos Eduardo de Freita Vian, Agroindústria canavieira: estratégias competitivas e modernização, Campinas, Editora Átomo, 2003, p.106.

13 Artigo: Carlos Eduardo de Freita Vian e Walter Belik, Os Desafios para a Reestruturação do Complexo Agroindustrial canavieiro do Centro-Sul. Economia, em Revista da Anpec, Niterói-RJ, v.4, n.1, jan./jun. 2003, p. 163. Disponível em: <http://www.anpec.org.br/novosite/br/volume-4>. Acesso em: 19 mar. 2018.

14 Ao que tudo indica, parece ter ocorrido um equívoco do Balanço do MAPA referente à safra de 1995/96, onde apresentou quantidades idênticas de cana própria e de fornecedores processadas no estado de São Paulo. Tal resultado se revela discrepante, quando se tem em conta a participação da cana de fornecedores da safra em questão comparada as safras imediatamente mais próximas. Os dados da Tabela revelam que o volume da safra 1995/96 supera em 77,4% o da safra anterior e em 33,8% a posterior, evidenciando uma descontinuidade desses números na evolução do intervalo. Entretanto, quando se analisa a quantidade de cana própria na safra 1995/96, os números parecem ser coerentes com a evolução das safras, pois está 9,5% acima da safra anterior e 46,3% abaixo da safra posterior. Cumpre mencionar que na safra 1995/96, apesar do erro estar na quantidade de cana de fornecedores do estado de São Paulo, o resultado compromete também o volume de cana de fornecedores do Centro-Sul e do Brasil, pois ambos contêm nos seus números as quantidades de São Paulo.

15 Anuário Estatístico: Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - MAPA. Anuário Estatístico da Agroenergia 2007, p. 41-47. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/agroenergia/balanco-nacional-da-cana-de-acucar-e-agroenergia-2007>. Acesso em: 10 mar. 2018.

16 Anuário Estatístico: Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - MAPA. Anuário Estatístico da Agroenergia 2007, p. 60. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/agroenergia/balanco-nacional-da-cana-de-acucar-e-agroenergia-2007>. Acesso em: 10 mar. 2018.

17 Anuário Estatístico: Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - MAPA. Anuário Estatístico da Agroenergia 2007, p. 41-49. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/agroenergia/balanco-nacional-da-cana-de-acucar-e-agroenergia-2007>. Acesso em: 10 mar. 2018.


 

18 Ao que tudo indica, parece ter ocorrido um erro no Balanço do MAPA referente à safra de 1995/96, onde foi registrado quantidades idênticas de cana própria e de fornecedores processadas no estado de São Paulo. Tal resultado se revela discrepante, quando se tem em conta a participação da cana de fornecedores da safra em questão comparada as safras imediatamente mais próximas. Os dados da Tabela revelam que o volume de cana própria na safra 1995/96 supera em 77,4% o da safra anterior e em 33,8% o da posterior, evidenciando uma descontinuidade relevante dos volumes na evolução do intervalo. Entretanto, quando se analisa a quantidade de cana própria na safra 1995/96, os números parecem ser mais coerentes com a evolução das safras, pois está 9,5% acima da safra anterior e 46,3% abaixo da safra posterior. Cumpre mencionar que na safra 1995/96, apesar do erro estar na quantidade de cana de fornecedores do estado de São Paulo, o resultado compromete também o volume de cana de fornecedores do Centro-Sul e do Brasil, pois ambos contêm nos seus números as quantidades de São Paulo.

19 Anuário Estatístico: Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - MAPA. Anuário Estatístico da Agroenergia 2007, p. 41-49. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/agroenergia/balanco-nacional-da-cana-de-acucar-e-agroenergia-2007>. Acesso em: 10 mar. 2018.

20 Artigo: Alceu de Arruda Veiga Filho e Pedro Ramos, Proálcool e evidências de concentração na produção e processamento de cana-de-açúcar, em Informações Econômicas, São Paulo, v.36, n.7, jul. 2006. p. 53-56. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br&gt;. Acesso em: 15 mar. 2018.

23 Tese de Doutorado: José Giacomo Baccarin. A Desregulamentação e o Desempenho do Complexo Sucroalcooleiro no Brasil, São Carlos, UFSCAR, 2005, p. 206-208.

24 Livro: Laura Maria Regina Tetti, Protocolo de Kyoto: Oportunidades para o Brasil com base em seu Setor Sucroalcooleiro - Um pouco da História da Questão “Mudanças Climáticas e Efeito Estufa”. In: MORAES, M.A.F.D.; SHIKIDA, P.F.A. (Orgs.). Agroindústria Canavieira no Brasil: Evolução, Desenvolvimento e Desafios, São Paulo, Atlas, 2002, p.199-212.

25 Boletim Informativo: Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB, O Etanol como um Novo Combustível Universal: Análise Estatística e Projeção do Consumo Doméstico e Exportação do Etanol Brasileiro no Período 2006 a 2011, Brasília, 2008, p. 32. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/agroenergia/arquivos-etanol-como-um-novo-combustivel-universal-conab/o-etanol-como-um-novo-combustivel-universal-conab.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2018.

26 Boletim Informativo: Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB, O Etanol como um Novo Combustível Universal: Análise Estatística e Projeção do Consumo Doméstico e Exportação do Etanol Brasileiro no Período 2006 a 2011, Brasília, 2008, p. 5 e 6. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/agroenergia/arquivos-etanol-como-um-novo-combustivel-universal-conab/o-etanol-como-um-novo-combustivel-universal-conab.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2018.

27 Anuário: Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores – Anfavea, em Anuário da Indústria Automobilística Brasileira, São Paulo, 2014, p. 62. Disponível em: < http://www.virapagina.com.br/anfavea2014&gt;. Acesso em: 18 jun. 2018.

28 Anuário Estatístico: Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA, Anuário Estatístico da Agroenergia 2012. p. 52. Disponível: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/agroenergia/arquivos-publicacoes-agroenergia/anuario-estatistico-da-agroenergia-2012.pdf/view>. Acesso em: 19 mar. 2018.

29 Anuário Estatístico: Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - MAPA. Anuário Estatístico da Agroenergia 2007, p. 41-49. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/agroenergia/balanco-nacional-da-cana-de-acucar-e-agroenergia-2007>. Acesso em: 10 mar. 2018.

30 Anuário Estatístico: Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA. Anuário Estatístico da Agroenergia 2014, p.93-96. Disponível: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/agroenergia/pasta-anuario-estatistico-da-agroenergia/anuario-estatistico-da-agroenergia-2014.pdf>. Acesso em: 28 mar. 2018.

31 Anuário Estatístico: Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - MAPA. Anuário Estatístico da Agroenergia 2007, p. 41-49. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/agroenergia/balanco-nacional-da-cana-de-acucar-e-agroenergia-2007>. Acesso em: 10 mar. 2018.

32 Anuário Estatístico: Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA. Anuário Estatístico da Agroenergia 2014, p.93-96. Disponível: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/agroenergia/pasta-anuario-estatistico-da-agroenergia/anuario-estatistico-da-agroenergia-2014.pdf>. Acesso em: 28 mar. 2018.

33 Artigo: Alfredo Tsunechiro et al, Valor da Produção Agropecuária e Florestal do Estado de São Paulo em 2011, em Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 7, n. 4, abr. 2012, p. 5. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/AIA/AIA-18-2012.pdf&gt;. Acesso em: 20 mar. 2018.

34 Livro: Marcos Fava Neves; Marco Antônio Conejero, Estratégias para a Cana no Brasil: Um Negócio Classe Mundial, São Paulo, Atlas, 2010, p. 28.

35 Segundo Neves e Conejero (2010, p. 28) a mecanização elimina a necessidade de queima das folhas e ponteiros da cana de açúcar, um procedimento adotado para facilitar o corte manual da planta. A colheita de cana de açúcar crua, efetuada com o uso de colhedoras mecânicas, cresce ano após ano no Brasil. Além de aplacar as emissões de gases do efeito estufa (GEE´s) geradas pela queimada, o processo de colheita mecanizada deixa no campo uma cobertura de folhas, o que contribui ainda mais para as baixas perdas de solo e coíbe o crescimento de ervas daninhas diminuindo o uso de herbicidas.

36 Protocolo Ambiental: União da Indústria de Cana-de-Açúcar - UNICA. Protocolo Agroambiental, São Paulo, 2018. Disponível em: <http://www.unica.com.br/protocolo-agroambiental&gt;. Acesso em: 20 jun. 2018.

37 Esse documento foi assinado em 2007 pelo governador de São Paulo, pelos secretários de estado do Meio Ambiente e de Agricultura e Abastecimento e pelos presidentes da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e da Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (Orplana). O Protocolo Agroambiental visa reconhecer e premiar as boas práticas ambientais do setor sucroenergético com um certificado de conformidade, renovado anualmente. Por meio da publicidade do certificado concedido às unidades agroindustriais e às associações de fornecedores de cana, o Protocolo influencia na imagem das usinas e associações frente ao mercado interno e externo, determinando um padrão positivo de planos e metas de adequação ambiental a ser seguido. O instrumento cobre alguns dos principais pontos de redução de impactos da cultura. Entre eles, a antecipação dos prazos de eliminação da queima da palha da cana, a proteção dos remanescentes florestais de nascentes e de matas ciliares, o controle das erosões e melhores práticas de uso do solo, o adequado gerenciamento das embalagens de agrotóxicos, além da redução de consumo de água na etapa industrial.

38 Artigo: Marcia Azanha Ferraz Dias de Moraes, O Mercado de Trabalho da Agroindústria Canavieira: Desafios e Oportunidades, em Economia Aplicada. São Paulo, v. 11, nº 4, out-dez 2007, p. 605-619. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/ecoa/article/view/968/980>. Acesso em: 16 mai. 2018.

39 A respeito dos desafios e impactos gerados pelo avanço da mecanização da colheita da cana no estado de São Paulo é relevante as considerações de Moraes (2007). Para essa autora, a questão que emerge é que a mecanização da colheita traz impactos negativos sobre o número de empregados da lavoura canavieira. Pois, apesar de criar oportunidades para profissionais mais qualificados, reduz, em maior proporção, a demanda dos empregados de baixa escolaridade, expulsando-os da atividade. Este fato evidencia a necessidade de alfabetização, qualificação e treinamento desta mão-de-obra para exercer atividades que demandam maior escolaridade.

40 Conforme a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo em seu site: http://www2.ambiente.sp.gov.br/etanolverde/zoneamento-agroambiental, o zoneamento agroambiental da cana-de-açúcar no estado de São Paulo (ZAA) foi estabelecido em 18 de setembro de 2008, através de uma parceria entre as Secretarias do Meio Ambiente e da Agricultura e Abastecimento do Estado com o principal objetivo de disciplinar e organizar a expansão e ocupação do solo pelo setor sucroenergético, além de subsidiar a elaboração de políticas públicas voltadas para as questões relacionadas ao setor. Utilizando bases de dados sobre condições climáticas, qualidade do ar, relevo, solo, disponibilidade e qualidade de águas superficiais e subterrâneas, unidades de conservação existentes e indicadas, incluindo áreas de proteção ambiental e fragmentos florestais para incremento da conectividade, foi criado um mapa único (presente no site da Secretaria do Meio Ambiente), que indica áreas adequadas e inadequadas para o cultivo de cana, e regula a ocupação das terras, a instalação e ampliação de unidades agroindustriais.

41 Artigo: Mario Pires de Almeida Olivette et al. Evolução e Prospecção da Agricultura Paulista: Liberação da Área de Pastagem para o Cultivo da Cana de Açúcar, Eucalipto, Seringueira e Reflexos na Pecuária, 1996-2030, em Informações Econômicas, São Paulo, v. 41, n. 3, mar. 2011, p. 51. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/IE/2011/tec4-0311.pdf&gt;. Acesso em: 10 mar. 2018.

42 A expansão do setor paulista encontra explicações em Olivette et al (2011, p.47) quando afirmam que o estado de São Paulo reúne as condições ambientais e climáticas favoráveis ao cultivo da cana e ao grau de concentração de sacarose; outro fator que contribui é a dinâmica organizacional e tecnológica que envolve a produção agrícola e industrial do estado. Nesse contexto, não se surpreende que 92% das novas áreas de produção e das novas usinas estão sendo instaladas no estado de São Paulo e em regiões dos estados vizinhos como Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, além de Goiás.

43 Segundo Olivette et al (2011, p.50), em 2000 a área plantada nas regiões consideradas pelos autores de tradicionais (Piracicaba, Ribeirão Preto, Jaboticabal, Limeira, Jaú, Catanduva e Araraquara) era equivalente a cerca de 48% do total plantado em todo o estado, em 2009 esse percentual caiu para 32% da área plantada. Essa mudança encontra referências no início da década de 2000 e na expansão da cultura nas chamadas novas áreas. Embora a produção paulista de cana-de-açúcar se encontra presente em praticamente todas as regiões do estado de São Paulo, as novas áreas agrupam regiões que já abrigavam lavouras de cana e outras onde a produção estava reservada em pequenas áreas. A dinâmica de expansão das lavouras paulistas de cana-de-açúcar encontra abrigo fundamentalmente na região oeste do estado.

44 Anuário Estatístico: Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - MAPA. Anuário Estatístico da Agroenergia 2007, p. 41-49. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/agroenergia/balanco-nacional-da-cana-de-acucar-e-agroenergia-2007>. Acesso em: 10 mar. 2018.

45 Anuário Estatístico: Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA. Anuário Estatístico da Agroenergia 2014, p.93-96. Disponível: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/agroenergia/pas…;. Acesso em: 28 mar. 2018.

46 Boletim Informativo: Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB, Perfil do Setor do Açúcar e do Etanol no Brasil Safra 2010/2011, Brasília, 2013. Disponível em: <https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/cana/perfil-do-setor-sucroalc…;. Acesso em: 25 jun. 2018.

47 Artigo: José Giacomo Baccarin; José Jorge Gebara; Cíntia Oliva Factore, Concentração e Integração Vertical do Setor Sucroalcooleiro no Centro-Sul do Brasil, entre 2000 e 2007, em Informações Econômicas, São Paulo, v.39, n.3, mar. 2009, p. 7. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/IE/2009/tec2-0309.pdf&gt;. Acesso em: 20 abr. 2018.

48 Artigo: Sebastião Neto Ribeiro Guedes e Lucas Eduardo Gianotti, A presença recente e algumas consequências do investimento estrangeiro direto (IED) na agroindústria canavieira brasileira em Informações Econômicas, SP, v.39, n.5, mai. 2009, p. 56-59. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto=10487&gt;. Acesso em: 28 fev. 2018.